Asseyez-Vous

De 03/06 até 29/07

A Fábula

Em “As Cadeiras”, peça do dramaturgo romeno/francês Eugène Ionesco,  considerado o pai do Teatro do Absurdo, os acontecimento que se passam no palco representam , em sua essência, a solidão, o ridículo e o desencanto dos personagens. 

Diferente das farsas dramáticas e trágicas na obra cênica, a artista Lilly Mota nos oferece um enredo imaginário extremamente delirante, alegórico e ilimitado no ilusionismo e prestidigitação. O título de sua mais recente exposição – “Asseyez-Vou” (sente-se no bom francês), já anuncia com fina ironia – o propósito da artista convidando o público a interagir com suas obras em cartaz no Instituto Internacional Juarez Machado. 

Lily Mota é a artista que vive e trabalha na bucólica Santo Antônio de Lisboa a histórica freguesia com ares açorianos no Norte da Ilha de Santa Catarina , e presta sua emocionada e bem-humorada homenagem, bem ao estilo figurativo e expressionista, a outro artista conterrâneo e contemporâneo, o Juarez Machado.

 A corrente filosófica do absurdismo, embora transfigurada, é o mote principal na obra plástica de Lilly Mota quando esta constrói cadeiras (sim, cadeiras), e as etique encobrindo-as com traços, cores, palavras e sinais completando o raso design com figuras e objetos de sua verve interativa e fantasiosa. 

O inusitado mobiliário tem seu desenho recortado no formato de efígies de suas recônditas vivências. Ressurgem músicos, poetas, pintores, bailarinas, amigos, personagens anônimos de sua convivência, de sua idolatria ou simplesmente inventados. 

Nas cadeiras criadas por Lily especialmente para esta exposição em Joinville, um onipresente e universal Juarez Machado percorre o itinerário imaginário ao lado de Rita Lee, Madonna, Freddie Mercury, Frida Kahlo, Picasso, Monalisa, Iemanjá, Cães, gatos, peixes, flores, pincéis, chapéus, vinhos, livros, com a vovó fashionista Iris Apfel, e até no storyboard de “o’Fabuloso Destino de Amélie Poulain” filme francês que baseou seus fotogramas nas cores das telas das pinturas do pintor joinvilense/parisiense. Assim, seus desenhos viram tatuagens nos braços da mulher, pinturas integram o assento e o encosto das cadeiras, seu retrato esconde-se nas entrelinhas da ficção. 

Lilly Mota traz a larga experiência da área do cinema, da produção cinematográfica, onde trabalha e executa em equipe a construção das histórias que nos cativam, apavoram, ou informam em documentários ou longa-metragens. Seu papel é buscar soluções para o cenário, a luz, o ambiente, os bastidores e os efeitos especiais. Muito desse mágico universo criado por outro ilustre francês, o cineasta Georges Mélès, está visível nas pesquisas de Lily nas artes plásticas quando transcende suas insólitas pinturas tridimensionais. 

“Asseyez-Vous” é a sua particularíssima metalinguagem. 

Edson Busch Machado 

Instituto Internacional Juarez Machado

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