Flavio Augusto de Faria Souto, o FAFS, nasceu no Rio de Janeiro, se formou na Faculdade de Belas Artes, desenhista e ilustrador, com habilidades extraordinárias no traço da caneta nanquim e lápis. Trabalhou em diversos jornais do Rio: Folhetim da Folha de São Paulo, Jornal do Brasil, Opinião, Pasquim, Semanário Político, e Última Hora. Radha Abrano, crítica da Folha de São Paulo (15.11.1987) comenta: “seu traço hábil e brincalhão constrói cenas Delfinianas, nanquim de muita boa qualidade”.
Em 1982 veio morar em Joinville com a família, trabalhou na Casa da Cultura, no Centro XV e na Casa das Artes como professor de desenho e caricaturista. Exerceu a profissão de ilustrador no jornal A Notícia. Também ilustrou diversos livros de contos e infantis, além de edições de cunho político e social.
Na sua trajetória enquanto artista, as caricaturas sempre foram o seu forte, com ênfase na síntese de seu refinado traço, o que lhe rendeu prêmios em salões e concursos. Dono de um humor elegante, onde costumava contar piadas sem ser vulgar. Suas charges, repletas de detalhes jocosos, imprimiram sua marca, onde cada situação política e/ou social se transformavam em imagens potentes e, ao mesmo tempo, simples.
Foi amigo e conviveu com diversas personalidades históricas do Rio de Janeiro como Cácio
Loredano, Chico Caruzo, Jaguar, Jane Peters, João Antônio, Millor Fernandes, Trimano e Ziraldo.
Em Joinville compartilhou momentos profissionais e de amizade com Astrid Lindroth, Franzoi,
Hamilton Machado, Linda Poll, Luis Si e Miraci Derette, entre outros contemporâneos do seu tempo.
Pessoa tranquila, foi excelente companheiro e pai. Sempre atento às notícias e atualidades políticas e sociais para compor seus registros com expressões precisas. Com imagens sarcásticas e irônicas retratou importantes personalidades do cenário político e social das duas cidades que viveu e trabalhou.
A exposição apresenta um pequeno acervo salvaguardado pela família, sendo que muitos desenhos originais se extraviaram, e o que restou foram os registros nas edições publicadas. A curadoria foi dividida em três momentos: contexto familiar – casamento, esposa e filhos;
contexto político do Brasil e exterior – presidentes, ministros, senadores, governadores, deputados federais e estaduais; contexto social – celebridades das artes visuais, literatura, futebol e da música, como também da sociedade.
É uma mostra biográfica, onde cada observador poderá mergulhar nessas histórias e com isso ser um voyeur, aquele que vê, que participa, pelo olhar astuto e instigante do artista FAFS, de momentos mágicos da vida privada, da política e da sociedade brasileira.
Alexandrina Faria Souto, esposa e curadora
Joinville 2024