O HUMOR CRÍTICO ARGENTINO
“Me considero visceralmente desenhista. Crio minhas obras a partir da linha e sigo os conceitos fundamentados no desenho. Me interessam fundamentalmente os bons artistas, e essencialmente aqueles que sustentam seu trabalho no saber desenhar”.
Assim o argentino Jorge Meijide expressa, em síntese, a fonte do seu processo criativo em entrevista à imprensa de Buenos Aires, onde reside e trabalha. Pintor, gravador e, claro, desenhista dos bons, Meijide expõe agora seu sarcástico e politizado humor pela primeira vez num centro cultural no Brasil, à convite do Instituto Internacional Juarez Machado.
O enfoque de suas obras demanda a reflexão sobre temas à flor da pele dos povos nos países em crise na América Latina, ou seja, o protesto, a súplica, a denúncia. Seus desenhos retratam, de forma nem sempre velada, a dor dos que querem dizer algo e não podem.
Nascido em 1947 Jorge Meijide além de artista visual é médico de profissão, e tem vivenciado como cidadão os mais diversos regimes políticos em seu país. Em alguns momentos confrontou a censura com mensagens corrosivas, intitulando os desenhos de “Exílio”, “Sra. Martelo”, “Tarde Agitada”, “Navegando entre todos”, num amplo e aberto discurso social.
Sua exposição em nosso espaço leva o título de “Jorge Meijide, Obra Gráfica”, com a curadoria de seu conterrâneo Guillermo Torres que selecionou uma significativa coleção de serigrafias e litografias. Suas obras têm sido expostas em galerias e museus na Argentina, Guatemala, Espanha, Alemanha Canadá, Taiwan, e agora seu contundente humor gráfico abre o circuito expositivo no Brasil, a começar por Joinville.
Edson Busch Machado
Instituto Internacional Juarez Machado