IN VINO VERITAS
Conhecer esta nova exposição de Juarez Machado é desfrutar um bom vinho. Há o mesmo dileto – e inebriante – prazer em apreciar as obras do artista ou brindar entre amigos com um tinto seco das melhores safras.
Na França, o país onde nosso pintor vive há trinta anos, o vinho é considerado o mais genuíno símbolo da alegria, do bom gosto e da espiritualidade de seus habitantes. Lá Juarez, a convite do Centre Georges Pompidou, de Paris, visitou castelos, vinhedos, vinícolas, parreiras, caves e adegas nas regiões de Bordeaux, Bourgogne, Alsace, Medoc, Provence, Beaujolais e Vale do Loire, para se inspirar em muitas de suas pinturas. Lá, o reconhecimento desse magnífico tema em sua obra está expresso nas páginas da edição especial do livro “Champagne Images et Imaginaire”.
Mas é aqui no “terroir” natal catarinense que Juarez Machado plantou, cultivou e fez brotar a notável série de desenhos e pinturas ora em exposição. São estudos e originais dos rótulos que produziu e assinou para o vinho que leva seu nome – de boa cepa – homenagem da Vinícola Villa Francioni, na gelada São Joaquim da Serra catarinense, referência entre os vinhos de altitude.
Baseando-se nos cinco sentidos – audição, olfato, paladar, tato e visão – tão caros aos apreciadores do precioso líquido, o artista não satisfeito com os ditames divinos, cria mais duas medidas sensoriais: o universo interior e o mundo exterior. Mais uma vez a dualidade de abeberar-se com sabedoria entre o conteúdo e a embalagem, o espírito e a imagem, o vinho e o seu rótulo.
Quem conhece o Juarez sabe que tudo não passa de pretexto para celebrar a mulher amada. Que assim seja.
Edson Busch Machado